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Entretenimento ajuda a enfrentar isolamento social

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Com a pandemia cresce busca pelo streaming de música e produtos audiovisuais 

De uma hora para outra tivemos que reinventar o nosso modo de viver, de trabalhar e de aproveitar o dia. Confinados dentro de casa, o tédio é a nossa maior companhia. A pandemia devido à Covid-19 gerou mudanças drásticas em todos os campos da sociedade, inclusive no do entretenimento, e neste caso o destaque tem sido o aumento expressivo no acesso às plataformas de conteúdo em streaming. 

 

De acordo com o portal JustWatch, uma espécie de guia do streaming que informa aos usuários onde e como assistir qualquer filme e série, o acesso aumenta na medida em que a população do países vai sendo atingida pelo vírus. Na Espanha o aumento foi de 85%, na Itália de 76% e no Brasil, a partir do mês de março, o aumento já atingiu 37%.

 O aumento muito acima do esperado fez com que os governos pedissem para as plataformas diminuírem a qualidade dos filmes e séries, para que não ocorram transtornos a partir de uma sobrecarga no sistema. 

A jornalista e estudante de Design Gráfico Letícia Ortolani, fã de cinema, conta que antes do início da quarentena assistia em média dois filmes por dia, mas agora que está mais tempo em casa esse número aumentou bastante. ​

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“Eu assistia só em momentos vagos, mas agora com a quarentena assisto quase o dia inteiro, porque só estou fazendo atividades domésticas e coisas da faculdade. O bom é que as plataformas me ajudam a preencher o tempo ocioso e posso assistir vários tipos de filmes que gosto, como suspense, drama, ação, romance e às vezes documentários que contribuem com informações relevantes”, explica Letícia.

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Netflix ganha valorização de 9% devido ao aumento da procura na quarentena.

A estudante conta que já assinava as plataformas antes da pandemia. “Eu já assinava a Netflix, o Spotify e o Globoplay antes do isolamento. Até o momento elas têm me entretido bastante e não vejo motivo para assinar outras por enquanto. A que mais utilizo é a Netflix, por ser fácil o acesso e possui uma fluidez melhor, além de ter os conteúdos que gosto”. 

Sempre existiram diversas plataformas de streaming, mas A plataforma líder no ranking de consumo e que contém o maior número de assinantes no mundo é a Netflix e que mesmo sendo a que possui mais consumidores, ela sofreu um baque por precisar interromper diversas gravações, o que ocorreu também com outras produtoras de conteúdo, como Amazon, HBO e CBS. Mesmo com esse revés, segundo o site e-commercebrasil a plataforma obteve uma valorização de 9%, só em março deste ano, registrando sua maior elevação desde o início das operações. 

A dificuldade em manter uma oferta elevada de produções audiovisuais no Brasil foi aumentada por decisão da Disney, que criou recentemente uma plataforma própria, a Disney Plus (ainda não disponível no Brasil). A empresa retirou muitos de seus filmes dos catálogos de outras operadoras, provocando a necessidade da produção de  conteúdos originais para suprir a demanda dos assinantes. 

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“A Netflix, por exemplo, precisa de mais conteúdos e eles também precisam liberar mais rápido as temporadas das séries que o público gosta, porque algumas são curtas e terminam rápido. Quando surge a outra temporada você não está mais na vibe daquela série”, comenta Letícia.

As produções de grandes estúdios estão paralisadas por segurança. Em contrapartida, as produções de conteúdo caseiro têm ganhado força. “De repente não é mais o cinema que dita o que é sucesso, agora é a audiência e não as críticas. Com isso, o público vai norteando suas preferências e existe uma quantidade enorme de conteúdo que as pessoas ainda não conhecem. Existe vida inteligente além da Netflix”, diz o produtor audiovisual Beto Oliveira.

Caseiros

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Mas será possível produzir um filme de casa? A resposta é sim! Claro que não serão como os filmes de Hollywood, mas um filme caseiro pode ser um grande sucesso e devido a essas mudanças a premiação do Globo de Ouro será bem diferente. “As animações estão em alta, pois os criadores produzem em home-office. E como pessoal está consumindo muito conteúdo, logo ficará evidente a diferença de um filme com uma produção pequena e uma produção nível Hollywood. Sempre existe um sujeito que tem uma boa ideia para produzir conteúdo de um jeito interessante e são eles que inovam o mundo cinematográfico”, explica Oliveira.

Segundo o produtor, com a pandemia são muitas as mudanças no setor, incluindo os cuidados com a segurança e higiene, mas o que mais impacta é a descentralização dos meios de produção, a inclusão e o respeito à raça, gênero e crenças nos sets. “Cada vez mais veremos filmes produzidos e dirigidos por mulheres, negros e pessoas não binárias. Isso vai acontecer por que as pessoas estão sendo obrigadas a entender a importância da produção audiovisual para todos os meios. As grandes empresas já entenderam isso faz um tempo e mapeiam os hábitos de consumo da população regionalmente, esse é o momento de repensar a lógica de mercado”, explica.

A pandemia também deverá agravar os problemas financeiros do setor. Segundo o cinéfilo Markolios Martins o mercado mundial dos filmes está decadente há uns dez anos e agora será obrigado a evoluir para outro caminho. “Como a maioria das empresas, o mundo cinematográfico vai realizar cortes financeiros para segurar o dinheiro gasto que não vai ser reposto tão cedo”, afirma.

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Pandemia pode mudar o estilo de filmes selecionados ao Globo de Ouro.

Outro aspecto que se destaca neste momento é o aumento da procura por filmes e séries sobre pandemia. “Por ser um tema atual e importante, então toda indústria vai usar a fórmula para transformar em dinheiro rápido. Esse aumento da procura é normal e é mais fácil de achar, mais barato e dá mais lucro colocar um filme em evidência do que tentar fazer a população caçar e assistir algo diferente. Assistir a filmes desse tipo, acredito que não seja nem bom e nem ruim, pode servir para conscientizar ou assustar, vai de cada um”, analisa Markolios.

O momento das lives

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Além de filmes e séries uma nova onda de entretenimento surgiu na área da música, a das famosas “lives”, que tomaram conta das redes sociais. Agora os artistas podem transmitir seus shows com uma certa tranquilidade e as pessoas podem assistir no conforto de casa e de forma gratuita, com diversas opções.

O profissional de vídeo Murilo Bueno explica que para montar um live profissional são necessários poucos recursos: uma câmera, cabo, computador e um servidor de internet. Existem equipamentos que conseguem agregar para deixar o evento com mais qualidade, como mais de uma câmera, microfones, iluminação, tripé, mesa de corte (no caso de mais de uma câmera) entre outros. “Quanto maior a produção, mais equipamentos precisa”, informa Bueno. 

Além da ausência do público, a live já enfrenta algumas dificuldades e a concorrência é uma delas. “A questão técnica pega um pouco. É verdade que com um celular é possível fazer uma live, mas sempre vamos esbarrar na falta de qualidade de áudio e a internet travando, mas faz parte! Mas tudo tem um lado positivo e a vantagem dessas lives é a pessoa não sumir. Ficaremos sem shows por um bom tempo, então mesmo que as lives sejam pequenas é importante manter proximidade com o público”, defende o jornalista e músico Leon Botão, da banda Belize e Bermudas.

E as iniciativas têm agradado tanto aqueles que iam a shows, quantos os que preferem ficar em casa e estão aproveitando a facilidade, como o regulador administrativo Sérgio Freitas, para quem as lives são interessantes e têm ajudado a manter a sanidade nesse momento. 

“Assisto as lives mais nos fins de semana, em torno de dois artistas, dependendo das opções. No começo foi legal, mas agora o excesso de propagandas está saturando os espectadores, mas no geral tem sido uma experiência positiva. Ela tem proporcionado entretenimento, diversão e relaxamento para esse momento conturbado”, diz Freitas. 

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Mulher aproveitando uma live musical.

Segundo Bueno, a live tem diversos benefícios, entre os quais divulgar o trabalho das pessoas. “Quando você quer mostrar a qualidade do seu trabalho, o ao vivo é um grande aliado para que a pessoa veja que o seu trabalho é realmente daquele jeito. O maior benefício é o número de pessoa alcançadas, o que seria impossível num lugar físico, mas sempre é preciso estar preparado para contratempos, por isso o alinhamento da equipe é necessário”.

“Dependendo da habilidade e da proposta da live é possível simplesmente colocar um celular em um tripé e fazer sozinho, se você for um artista menor. Mas hoje existe um mercado em que os artistas grandes estão contratando equipes para garantir áudio e vídeo profissionais. Eu tenho resistência a essa ideia de lives gigantescas, porque precisam de grandes equipes e isso pode ser perigoso para os envolvidos”, opina Botão. 

Muitas iniciativas têm provocado críticas justamente pelo número de integrantes das equipes, o que contraria as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para evitar aglomerações e isso foge do intuito das lives. “Os cuidados tomados são sempre usar máscaras, esterilizando as mãos com álcool em gel, manter a distância e escolher sempre o mínimo de pessoas possíveis para realizar o show,” explica Bueno.

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Equipamentos para produzir uma live varia com nível de produção do artista.

“É uma experiência interessante de saber que as pessoas estão te acompanhando mesmo de cidades diferentes. Para quem está acostumado com o público presencialmente é uma sensação diferente, não sentir aquele calor humano, mas pelos comentários e curtidas sabemos que as pessoas estão curtindo”, conta Botão.

Um bom livro ainda é alternativa

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Nem só de filmes e lives vive o homem! Enquanto uns preferem produtos audiovisuais, outros optam por se afastar do ruído das tecnologias digitais e eletrônicas. Neste caso, a principal opção tem sido os livros.

O professor de ensino médio Lúcio Lemes explica que o sentido maior da leitura é garantir a escrita como um bem cultural no processo de ampliação e compreensão do mundo. “Essa tarefa, não é completada apenas nas séries iniciais, uma vez que se constitui em um longo processo. Os leitores são formados na relação dialógica entre aquele que ensina e aquele que aprende. Pra se escrever bem é necessário ter um bom vocabulário o que só se adquire com a leitura”, diz. 

A estudante de engenharia ambiental Ana Beatriz Sepulveda vinha mantendo uma rotina agitada com a faculdade e o estágio e há três anos não lia por prazer. Devido ao isolamento pode retomar o habito e optou por histórias mais leves.  “Eu decidi voltar a ler para passar o tempo e controlar a minha ansiedade, além de livro eu uso o aplicativo wattpad, e pesquiso nele histórias de romance, superação ou algo que me acalme. Eu particularmente prefiro a plataforma digital devido à facilidade”, relata Ana Beatriz. 

Além da leitura a master coach Elaine Curiaco indica que para minimizar a ansiedade é preciso evitar  ouvir ou ler notícias ruins e alarmantes sobre a Covid-19. “É necessário se informar e tomar todos os cuidados, mas sem paranoias. Ler é a melhor coisa, mas tente meditar,  descansar e ter pensamentos positivos, essas atividades podem ajudar com a ansiedade que vem aumentando nesse momento conturbado,” orienta Elaine.

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Mulher usando plataforma de streaming para livros.

Além de artistas e produtores, os escritores também estão se reinventando neste período de quarentena. Abordando o tema de pandemia, a jornalista e escritora Larissa Molina aproveitou o momento para lançar um novo conteúdo na plataforma Amazon, onde além de conteúdos audiovisuais existe uma grande opção de livros. 

“Tem muitas pessoas que criticam a literatura de entretenimento, porém eu acredito que todo tipo de leitura é válida, porque só quem vive o tédio é que sabe o valor que existe no entretenimento. Ele renova nossas energias, proporciona o relaxamento para o nosso cérebro e isso é muito importante no momento que estamos vivendo. O livro de entretenimento te dá a oportunidade de viajar para outro lugar e isso é muito valioso para o momento que estamos vivendo”, analisa Larissa.

A escritora reflete sobre do professor Gregory Berns que fala sobre o impacto dos obras lidas.“As histórias moldam a nossa vida, e nesse momento de pandemia quando você parar pra ler uma ler história você está fazendo com que o seu cérebro tenha a sensação de viver aquele e isso é benéfico para a nossa saúde emocional,” conta Larissa.

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Matéria produzida por Leticia Azevedo

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